Melhorar o equilibrio nos conselhos de administração é urgente e precisamos discutir a respeito. Especialmente quando se fala em liderança inclusiva.
Para tratar este tema, convidamos Lina Nakata, copresidente da PWN São Paulo e professora em cursos de pós-graduação da FIA Business School e da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Confira no artigo dela como a diversidade de gênero precisa percorrer por todos, não apenas no board. E que os homens devem participar da conversa, ou não há equidade de gênero nas organizações.
Equilíbrio de gênero nos conselhos de administração
A participação de mulheres nos cargos mais altos de uma organização, ou seja, nas cadeiras dos conselhos administrativos, tem sido extremamente baixa. Há diversos estudos que mostram a existência da correlação positiva entre participação feminina nessas administrações e melhor desempenho das organizações. Além disso, as empresas mais equilibradas nos conselhos também são melhores em ESG.
Quantas vezes teremos que provar que mais mulheres geram melhores resultados? Todos os estudos provam o mesmo, mas precisamos continuar mostrando os dados, como crescimento em faturamento, retorno sobre investimentos, retorno sobre ativos, dentre outros.
Nas organizações, a diversidade de gênero precisa percorrer por todos, não apenas no board. Os homens devem participar da conversa, ou não há equidade de gênero nas organizações. Além disso, o movimento precisa começar desde cedo, ou seja, deve-se enfatizar a mensagem com crianças, meninos e meninas.
O que acontece sem equilíbrio nos conselhos de administração?
Falta conexão entre os grupos dos quais as executivas das empresas participam, e a própria empresa em que elas atuam. Falta integração e força entre as diversas ações que estão sendo feitas nas organizações.
As empresas precisam de metas bem definidas relacionadas a gênero e de indicadores que acompanhem a evolução nesse quesito. Não adianta apenas dizer que a empresa apoia a diversidade, senão nada vai acontecer.
O que fazer?
As empresas devem ser bem firmes quando querem atingir a equidade de gênero, trabalhando a cultura e os indicadores. Idealmente, ter 50% de homens e 50% de mulheres em todos os níveis da empresa, mas a proporção de 40% e 60%, até 60% e 40% já é muito boa.
As mulheres devem apoiar umas às outras, e a pandemia agravou bastante o quadro das mulheres no mercado de trabalho, que perderam espaço em todos os campos. Os conselhos das empresas precisam ter participação feminina justamente para lidarem melhor com seus mercados consumidores.
O trabalho das mulheres é tão bom quanto o dos homens. Em pesquisa global, as mulheres se mostraram mais efetivas que os homens em 84% das competências mensuradas.
Por que a representatividade feminina na liderança gera mais resultado?
A inclusão das perspectivas, habilidades, talentos e inovações das mulheres apoia o desempenho financeiro e não-financeiro.
As empresas que querem avançar com a participação feminina precisam considerar as duas barreiras: a resistência da mudança e a preparação de mulheres para a liderança. Precisam promover ações intencionais para orientar os desafios mais relevantes da organização.
E para ter uma noção da dificuldade, em 2003, a Noruega tornou-se o primeiro país do mundo a impor a cota de gênero. Exigindo que quase 500 empresas – incluindo 175 que fazem parte da Bolsa de Oslo – aumentassem a proporção de mulheres para 40%. Observamos que essa participação cresceu nas corporações públicas, mas não foi tão boa nas empresas privadas. Mesmo em países com cultura mais equilibrada em gênero, ainda é um grande desafio, por isso trazemos este alerta para nossa reflexão.
Lina Nakata
Lina Nakata é copresidente da PWN São Paulo, professora em cursos de pós-graduação da FIA Business School e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, além de ser diretora de marketing da ANGRAD – Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração.
Pesquisadora com 28 publicações em revistas científicas e mais de 50 artigos apresentados em congressos nacionais e internacionais, Lina tem experiência em gestão de pessoas, carreiras, gênero, gestão do esporte, clima organizacional, aprendizagem organizacional, diversidade, competências, liderança, bem-estar e comunicação.